Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você já tem uma idéia de quem são os candidatos à presidência da República. De forma menos nítida já começa a conhecer os candidatos aos governos estaduais. Mas você já começou a estudar quem merece representá-lo nas Assembléias, na Câmara e no Senado? Já tratamos do assunto de passagem quando falamos nas pesquisas: a mídia não economiza tempo ou espaço na cobertura das eleições presidenciais, dá alguma atenção aos governadores e senadores mas não se lembra das eleições representativas.
Esta atenção excessiva para o futuro ocupante do Palácio do Planalto é uma distorção do nosso presidencialismo e acabará por prejudicar o vencedor, qualquer que seja. Presidente é chefe do Poder Executivo Federal, para governar precisa de uma razoável base parlamentar de modo que suas políticas não sejam barradas pelo Legislativo. O mesmo dá-se no plano estadual: um governador sem apoio na Assembléia Estadual corre o sério risco de ficar paralisado. Fala-se muito no modelo republicano mas esquecem todos que este modelo baseia-se no sistema representativo. Senadores e os deputados são representantes diretos do eleitor porque são escolhidos no âmbito dos estados ou, no caso dos estaduais, por regiões.
O eleitor fala e atua através dos seus representantes nos Parlamentos, são eles que decidirão, em seu nome, se o Poder Executivo está certo. A distância entre o eleitor e o presidente é muito grande porque ele é o representante de todos os brasileiros. Mas a distância entre o eleitor e seu representante direto, é muito menor. Apesar da necessária proximidade entre representante e representado, o cidadão se surpreende quando, de repente, descobre que seu eleito não honra o mandato que lhe conferiu.
Coloca-se então uma questão concreta: na corrida presidencial temos seis competidores, quatro deles melhor colocados. É relativamente fácil acompanhá-los através da imprensa. Mas na troca dos dois terços do Senado e da Câmara inteira temos quase cinco mil candidatos. E, para as Assembléias Estaduais, quase 13 mil! Como é que os eleitores podem conhecer os quase 18 mil postulantes para os diferentes Parlamentos? Atráves do horário eleitoral? Através dos cartazes e faixas nas ruas? Em comícios, passeatas e carreatas? O problema vai além do espaço na mídia impressa e do horário na mídia eletrônica. No futuro, uma reforma política poderá evitar a coincidência dos pleitos majoritários com os proporcionais, dando-se mais relevo ao Legislativo.
Todas as alternativas são boas mas demandam tempo e demandam sobretudo muita coragem. Enquanto isso outubro está aí. O próximo presidente precisará governar – pelo visto imediatamente. Está na hora de pensar naqueles que, no Parlamento, a partir de janeiro, podem ajudá-lo. Ou podem neutralizá-lo.
Assista ao compacto desse programa em:
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