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O caso Herzog está reaberto. A publicação pelo ‘Correio Braziliense’ das fotos daquele homem nu, humilhado, naquele cárcere improvisado, identificado como o jornalista Vladimir Herzog criou uma dinâmica que dificilmente poderá ser interrompida. Ficam para trás as notas emitidas pelo comandante do exército, a primeira denunciando o revanchismo, a segunda retratando-se da anterior. Fica para trás o comportamento no mínimo tíbio do Ministério da Defesa.
Tornaram-se secundárias as discussões a respeito da identidade daquele prisioneiro que cobria o rosto. Não importa se todas as fotos são de Herzog horas antes de morrer ou de um padre canadense que felizmente sobreviveu ou se são dos dois. O impacto da matéria do ‘Correio Braziliense’ não pode ser revertido sobretudo porque foram publicadas na véspera do vigésimo nono aniversário do assassinato do jornalista da TV Cultura no DOI-CODI paulista.
Uma nova geração de brasileiros e não apenas de jornalistas quer saber tudo o que aconteceu e o fato de existir um decreto presidencial que sepulta por 50 anos certos documentos oficiais não será capaz de deter esta legítima e sadia vontade de conhecer a verdade. O exercito francês manteve adormecido ao longo de quase 100 anos o caso Dreyfus, isso não impediu que esta injustiça fosse ampla e intensamente discutida, ampla e intensamente investigada pela sociedade francesa, pela imprensa francesa, pelos historiadores franceses. O caso Herzog foi reaberto queiram ou não as autoridades. Esta é uma dinâmica que num regime democrático jamais poderá ser revertida.
Assista ao compacto desse programa em:
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