Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. Abobrinhas. No jargão jornalístico, abobrinhas são as irrelevâncias, os fatos pitorescos, as mundanidades, fofocas e o tititi. Numa das primeiras edições deste Observatório, o grande jornalista Evandro Carlos de Andrade, que na ocasião era o diretor de jornalismo da Rede Globo, declarou que apenas 10% do noticiário era de interesse público, o resto era dispensável. Hoje, parece, a proporção aumentou porque grande parte do que está nas capas dos semanários ou dos diários são abobrinhas autênticas. Neste exato momento está sendo concluída a 4ª edição do Big Brother Brasil que, nas últimas semanas, foi um dos pontos altos do noticiário não apenas dos veículos ligados à Rede Globo mas também das empresas competidoras. Isso é interesse público ou abobrinha? Em fevereiro, no auge da Waldogate jornais e revistas ocupavam-se com o caso Luma de Oliveira e o alternavam com a infidelidade cervejeira de Zeca Pagodinho. Alguns jornalistas e sobretudo empresários de jornal defendem a tese de que o leitor e a leitora não querem apenas notícias de massacres terroristas e crises econômicas, precisam também de algum ‘refresco’. Acontece que este ‘refresco’ deixou de ser exceção, hoje é regra, a ponto de um jornal como o Jornal do Brasil ostentar diariamente três páginas inteiras de colunas sociais propriamente ditas sem contar outras, menos ostensivas. Os 15 minutos de fama sustentam muitos veículos e dão emprego a muitos profissionais. Mas o futuro do jornalismo passa obrigatoriamente pela abobrinha? Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm