O Observatório da Imprensa vai tratar de um assunto que os livros de história não esclarecem e que precisa ser lembrado: o “Grito do Ipiranga” não aconteceu como o reproduzido nas salas de aula e na tela do pintor paraibano Pedro Américo, de 1888. A pintura mostra uma representação da cena da Independência criada e distante da realidade daquele dia 7 de setembro de 1822 às margens do rio Ipiranga. Segundo historiadores, essa imagem é fruto da imaginação de um artista que nem mesmo tinha nascido no momento em que o episódio ocorreu.
O programa também vai lembrar o fato na imprensa da época. O único jornal que noticiou o “Grito do Ipiranga” foi O Espelho, que circulou entre 1821 e 1823. O Correio Braziliense, por exemplo, publicou uma notícia declarando a data de 1º de agosto como marco da emancipação, quando o príncipe enviou o Manifesto às Províncias do Brasil, no qual se desobrigava de obedecer às ordens das Cortes de Lisboa. O redator do jornal Regulador Brasileiro, apontou a data de 12 de outubro, na qual ocorreu a aclamação de d. Pedro I como Imperador do Brasil, como o verdadeiro marco da criação da jovem nação. Outras datas, como o 9 de janeiro, dia do “Fico”, em que d. Pedro I recusou-se a embarcar para Portugal desobedecendo as ordens dadas pelas Cortes de Lisboa, ou a de 1o de dezembro, data da coroação, foram mencionadas, mas nunca o 7 de setembro.
Cento e noventa e três anos depois, o Observatório da Imprensa, com a ajuda de historiadores, repassa as tensões internas no Brasil naquele ano de 1822, quando D. Pedro I sofria pressões internas e decide pela coroação para aplacar a crises sem arriscar a aliança com a Inglaterra.
Nesta edição, o Observatório vai ser gravado no Museu Histórico Nacional, no Rio com os historiadores Isabel Lustosa e Nireu Cavalcanti mediados pelo apresentador Alberto Dines. Na reportagem que abre o programa vamos mostrar as discrepâncias do Grito do Ipiranga retratadas no quadro com a ajuda de historiadores paulistas.
Aos leitores e telespectadores: Preciso pedir desculpas por um erro e fazer a devida correção. No editorial de apresentação do programa sobre a Independência do Brasil disse erroneamente que em 1972 festejamos o cinquentenário do Grito do Ipiranga. Na verdade foi o sesquicentenário. Mais uma vez me desculpem pelo equívoco. Alberto Dines.