Wednesday, 01 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1319

Isto é uma vergonha!


Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Bem-vindos os telespectadores da Rede Minas que fez a opção de acompanhar a TVE Brasil e manteve este programa às 10 e meia da noite. Aos demais e sobretudo aos que nos assistem pela Rede Cultura oferecemos o nosso compromisso de mantê-los acordados pelo menos até a meia noite. Não será difícil: no meio do mensalão e do dizimão, a mídia que ligou o ventilador está ficando bastante respingada.


Boris Casoy: ‘Isto é uma vergonha!’


Este bordão do âncora da Record, Boris Casoy, repete-se quase todas as noites há um pouco menos de 20 anos. Virou um grito de guerra contra os abusos e escândalos que tanto indignam a sociedade brasileira.


Mas ontem os milhões de espectadores do Jornal da Record ficaram frustrados. O aguerrido Boris Casoy esqueceu o seu bordão e deixou para o finzinho do jornal a notícia de que a Polícia Federal apreendera sete malas de dinheiro no jatinho da Igreja Universal sob a guarda do deputado-bispo João Batista Ramos do PFL, presidente da mesma igreja. Como se sabe, a Universal é dona da Rede Record. Boris Casoy fez a opção que em outros países seria fatal para um jornalista: preferiu a lealdade aos donos da empresa que lhe paga o salário do que ser fiel à sua enorme audiência. Isso acontece.


Mas isso está acontecendo com muita freqüência. Está virando moda. Grandes e respeitáveis veículos jornalísticos preferem omitir do seu público as críticas que lhe são feitas na CPI do que explicar com transparência sua versão dos fatos. Assim foi com Veja que na última edição não deu uma linha sequer sobre o depoimento do araponga-videomaker, Jairo Martins, sobre suas esquisitas relações com a redação da revista.


A Editora Três também omitiu na última edição de Istoé que Marcos Valério foi duas vezes à sede da empresa para examinar a entrevista-bomba da ex-secretária Fernanda Karina e que em seguida a matéria foi engavetada. Também não se referiu ao fato de que Marcos Valério pagou 300 mil reais a um jornalista que além de seu consultor também presta serviços à Editora Três.


Na última edição deste Observatório elogiamos a disposição do repórter Leonardo Attuch de explicar aos nossos telespectadores os bastidores da matéria com Fernanda Karina que poderia ter antecipado o escândalo do mensalão em oito meses. Infelizmente o repórter Attuch não contou toda a verdade: omitiu a intervenção de Marcos Valério no engavetamento da matéria e afirmou que jamais estivera com o lobista.


Mas é imperioso não esquecer que sem a imprensa este mar de lama jamais seria revelado. Ou seria revelado apenas parcialmente. Mais uma razão para lamentar que um trabalho jornalístico deste porte e com esta importância histórica seja maculado por decisões pusilânimes e indignas.


A imprensa precisa aprender a reconhecer os seus erros, assumir suas fraquezas. Caso contrário, a imprensa terá que ouvir do Brasil inteiro o coro de protestos: ‘Isto é uma vergonha’.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm