Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você sabe que jornais nascem e morrem. Como os demais veículos jornalísticos, dependem do seu público. Quando o público muda e o jornal não muda ou ao contrário, quando o público quer uma coisa e o jornal lhe oferece outra, há um descompasso. E o jornal pode acabar.
Há pouco tempo fechou na Itália um dos mais importantes jornais europeus, o L Unità, fundado em 1924, ex-órgão do Partido Comunista Italiano e posteriormente do PDS, Partido Democrático de Esquerda. Chegou a vender um milhão de exemplares por dia mas ao fechar em julho vendia apenas 50 mil.
Mas veja: o PDS continua sendo o mais forte partido italiano com alas jovens e um processo de renovação surpreendente. Então, se o partido está forte porque estava fraco o jornal? Este é o cerne da questão e por esta razão o fim do L Unitá tem tanta importância para nós.
O leitor de um diário quer notícias ou opiniões partidárias? Quer informações sólidas porém isentas ou quer argumentos para as discussões políticas? O que nos conduz a outras questões: a tendência da homogeneização da imprensa em todas as partes do mundo não exigiria veículos diferenciados? E este jornalismo diferenciado não é necessariamente opinativo? Pergunto: opinativo ou partidário? Partidário ou engajado?
Felizmente, o L Unità não acabou, apenas interrompeu sua circulação. Dentro de três semanas volta a circular agora como novos donos. E vai enfrentar o poderoso La República com seus 700 mil leitores de centro-esquerda.
Este retorno está sendo muito aguardado. Se o fim do velho L Unità mostrou que, pelo menos na Itália, o público cansou do jornalismo partidário, o novo L Unità pode indicar que há muito espaço para uma sólida imprensa alternativa.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm