Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Passam os anos, mudam os governos e o nosso jornalismo continua com a mesma fórmula para denunciar abusos e escândalos na esfera pública: esperar que alguém entregue na redação uma fita, um grampo, um dossiê ou um vídeo sempre obtidos clandestinamente.
Desde a nossa fundação, há quase 6 anos, já produzimos cinco programas a respeito deste jornalismo passivo onde a notícia chega pronta, produzida não pelo interesse público mas pelos interesses contrariados e quase sempre escusos. Os veículos de comunicação limitam-se apenas a transcrever os tais documentos secretos, praxe que levou o nosso site Observatório da Imprensa a designar este estilo de produzir informações como ‘jornalismo fiteiro’ ou ‘imprensa araponga’.
A república brasileira passou nos últimos anos por graves abalos graças à divulgação maciça pela mídia deste material espúrio onde o denunciante em matéria moral não se distingue muito do denunciado.
O culto da fita e do grampo chegou a produzir um episódio grotesco há três anos quando o senador ACM em vez de usar a tribuna para fazer suas denúncias preferiu montar um ‘pseudo-grampo’ com a ajuda de um repórter e um integrante do Ministério Público para assim dar maior repercussão às acusações. Foi tão infeliz que quase acabou cassado, preferiu renunciar.
Na atual crise política, a maior do governo Lula, a revista Época cercou-se de todos os cuidados e, pelo menos, antes de publicar a denúncia, ouviu o acusado, o assessor da presidência Waldomiro Diniz.
Este procedimento mais responsável não altera algumas questões fundamentais para este Observatório: pode-se considerar como jornalismo investigativo a mera reprodução de um vídeo produzido por um contraventor? A imprensa que prega transparência não deve ser igualmente transparente e neste caso manter a fonte sob sigilo não seria uma forma de proteger o crime organizado?
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm