Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você já conhece o formato do nosso programa, começamos sempre com um comentário introduzindo o tema da edição. Mas hoje excepcionalmente começamos com algo que não nos ocupará mais do que um minuto para um breve e firme repúdio. A forma com que os jornais e revistas trataram a separação do casal Suplicy confirma tudo o que estamos dizendo há quase três anos: a nossa mídia, de forma geral, está perdendo a compostura e entrega-se apenas à satisfação dos seus instintos mercantis.
A separação de um casal que ocupa posições importantes na vida pública nacional deveria ser tratada com discrição. Sem leviandade. Foi uma separação amigável, quem fez escândalo foi a imprensa. É assunto da esfera privada, familiar. Sendo assim, merece no máximo um discreto registro.
Entende-se por bom jornalismo tanto a dramatização de acontecimentos como o recato naqueles assuntos que envolvem sofrimento pessoal. A separação não se relaciona com o interesse público. Mas o noticiário e as justificativas refletem a capitulação ao interesse do público. O desempenho mais grosseiro foi o da Folha de S. Paulo que reproduziu sob a forma de matéria paga uma coluna de perfídias da internet. Se um jornal com esta estatura curva-se ao faturamento de uma quantia tão pequena é porque perdeu a estatura. Mas se a publicação foi gratuita, para atender a adversários políticos (o nome de Paulo Maluf é o que primeiro ocorre) estamos em outra esfera. Na esfera da imprensa marrom.
Você, com certeza, está acompanhando as outras baixarias que ocorreram na nossa Câmara alta. A violação do voto secreto por parte de dois senadores deu-se há quase dez meses na cassação do senador Luís Estevão. Naquela ocasião, o ex-presidente ACM já insinuava para a oposição que conhecia o teor de todos os votos. Dias atrás o senador José Eduardo Dutra confirmou que ACM cobrara dele os votos da oposição. Então chegamos ao ponto que nos interessa de perto. Por que só agora estourou o caso? Por que razão os parlamentares da oposição na ocasião não passaram para a imprensa a suspeita de que o painel tinha sido violado? E por que razão nenhum veículo deu seqüência às pequenas notícias publicadas? Foi medo de ACM ou medo de que ACM voltasse o ventilador contra a mídia? Este será nosso assunto de hoje.
Assista ao compacto desse programa em:
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