Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você reparou que o assunto dominante da mídia brasileira são as reformas. E reparou que entre as reformas a predominante é a da Previdência. Ela vai das primeiras páginas às páginas de política e destas estende-se às de economia. Concentram-se na questão da Previdência os editoriais, os artigos assinados, as colunas de notas breves, as charges e as cartas dos leitores. Mas apesar da intensa exposição que já dura alguns meses pode-se dizer que o debate sobre a mudança do sistema previdenciário não ultrapassou a fase das emoções e das premissas ideológicas.
A cobertura desvia-se com frequência para os aspectos mais dramáticos que não são necessariamente os mais pertinentes. A rebeldia de alguns deputados do PT tem merecido mais atenção do que o esclarecimento das controvérsias e mal-entendidos. O confronto entre a magistratura e o Poder Executivo está sendo colocado como prioritário e com isso subtraem-se aspectos importantes da questão. A mídia continua a seduzir-se pelos aspectos mais sensacionalistas e espetaculares mesmo numa questão tão crucial como esta. Mais uma vez, caminhamos para a saturação antes de chegar perto do esclarecimento mas a função social da imprensa não é saturar a opinião pública e sim iluminá-la com informações corretas. Fazer barulho não é a primeira missão da mídia. De nada adianta publicar em manchete os resultados de uma sondagem de opinião pública sobre a reforma da Previdência se esta opinião pública está insuficientemente informada e, às vezes, deformada.
Nesta edição do Observatório da Imprensa, mais uma vez, vamos tentar o impossível: discutir a discussão, debater o debate porque mais grave do que recusar a reforma da Previdência será aprová-la por cansaço e sem convicções.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm