Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. Estamos novamente sob censura. Não é censura política nem censura militar. É a censura togada. Já aconteceu algumas vezes e apesar de não ser novidade este programa não pode omitir-se. A violência cometida nesta madrugada contra a ‘Folha de S. Paulo’ é um acinte ao estado de direito que qualquer juiz, de qualquer instância tem por obrigação proteger. Pouco importa se o réu é filho do Presidente do STJ. O que importa é que um juiz determinou esta violência contra o direito de saber. A folha foi submetida à censura prévia. Interrompeu a sua edição normal, recolheu esta matéria e substituiu-a por esta. Na véspera de 2005, voltamos a 68. Enquanto isso, na república do narcisismo estamos diante de outra ditadura. É a ditadura da beleza, a autocracia das exterioridades. A obrigação de ser bonita ou bonito tornou-se mais importante do que mostrar inteligência ou cultura. Competência hoje é secundária. A tirania da aparência não é nova mas esta exacerbação da vaidade não pode ser separada do poder de sedução da indústria de cosmética, da indústria farmacêutica, da indústria das dietas e de uma certa medicina fixada em fórmulas mágicas para alcançar a felicidade. A mídia impressa ou eletrônica não está alheia à esta febre e a desculpa é sempre a mesma: as leitoras querem isso mesmo, não se pode contrariá-las. Então os jornalistas não devem ter uma parcela de arbítrio? E onde fica a responsabilidade social da imprensa? Speculum em latim é espelho, podem mirar-se nele mas convém especular sobre isso. Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm
