Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Hoje você vai empreender uma viagem ao passado. Vamos reencontrar um jornal lendário e sua brava diretora falecida no último sábado. Niomar Moniz Sodré Bittencourt foi a última diretora do Correio da Manhã, um dos mais combativos jornais brasileiros do século 20 desaparecido em 1974. A morte de Niomar foi noticiada de forma burocrática, fria, beirando a omissão.
Casada com Paulo Bittencourt, Niomar assumiu o comando do jornal logo após a sua morte em 1963. E na véspera do golpe militar de 1964 colocou o jornal na liderança da cruzada contra Jango Goulart. Poucos semanas depois mudava radicalmente de posição e iniciava uma campanha solitária para combater os excessos cometidos pelos governos militares. Como castigo, seu jornal sofreu um rigoroso bloqueio econômico. Cassada, presa, foi obrigada a arrendar o seu jornal a um grupo de empresários próximos ao governo militar e em 1974, sem opções, fechou-o quando completava 73 anos. Depois, auto-exilou-se em Paris, longa e implacável doença manteve-a calada.
O Correio da Manhã nasceu em 1901 vocacionado para a oposição mas ao longo do seu glorioso trajeto deixou-se seduzir pelo protagonismo. Não se contentou em reproduzir os acontecimentos, queria influir no seu curso. Pagou caro por isso.
Niomar Bittencourt morreu no mesmo ano em que desapareceram Nascimento Brito, o homem que recriou o JB e Roberto Marinho, o construtor do grupo Globo. Cada um à sua maneira são expoentes de uma ‘fase épica’ da nossa imprensa que dificilmente será reeditada e talvez brevemente esteja completamente esquecida. Por isto mesmo decidimos reapresentar a edição em que o Observatório comemorou o primeiro aniversário, maio de 1999. Naquele momento pretendíamos apenas homenagear um grande jornal, o Correio da Manhã. Hoje, com aquelas mesmas imagens estamos registrando o fim de uma época.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm