Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. As Olimpíadas começam para os brasileiros amanhã pela manhã, com a estréia do futebol feminino. Mas, para os japoneses, começou hoje com o espancamento por paramilitares chineses de dois jornalistas que foram verificar o que aconteceu na região autônoma de Xinjiang depois do atentado do dia anterior, onde morreram 16 policiais. Tudo indica que os Jogos Olímpicos de 2008 podem seguir a linha dos outros, de 1936, dominados pelas tensões políticas. Há 72 anos, Adolf Hitler e o seu ministro da propaganda, Joseph Goebells, imaginaram que poderiam utilizar as Olimpíadas para glorificar o regime nazista que conquistara o poder três anos antes. Agora, é a vez da China usar o mais importante evento esportivo para exibir o seu extraordinário avanço econômico. Acontece que nem a Alemanha nazista nem a China comunista podem ser considerados regimes democráticos. A aposta que fizeram envolvia altos riscos, imaginaram que a opinião pública mundial engoliria sem reclamar as altas doses de propaganda e os rigores da repressão à liberdade de expressão. Uma coisa é certa: quando Hitler recusou-se a cumprimentar o atleta negro Jesse Owens, depois de suas quatro façanhas, ficaram escancaradas as reais dimensões do racismo nazista. A China hoje ainda não aparece como uma grande vilã, é uma interrogação ou, no máximo, uma preocupação. Mas os trinta e seis mil jornalistas que lá estão, de repente, podem encontrar razões para apresentá-la do mesmo jeito com que o Dalai Lama a encara. Os sonhos de hegemonia mundial, às vezes, começam a desfazer-se numa simples competição de ginástica artística. Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm