Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mudanças

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Você está conseguindo (gesto de telefonar)? O que é que está acontecendo com (gesto de telefonar)? Hoje vamos falar de mudanças, uma delas (gesto de telefonar) é o assunto do dia. Mas essa não é a única, há outras mudanças.


Quando se muda alguma coisa o que é que se faz primeiro – anuncia-se a mudança ou primeiro prepara-se a transformação para depois anunciá-la?


A Brahma e a Antarctica prepararam em silêncio a sua megafusão e quando a anunciaram na semana passada estava tudo pronto, armado, funcionando. Já no caso da mudança no sistema de discagem para ligações telefônicas de longa distância deu-se justamente o contrário: as operadoras gastaram uma fábula em propaganda na mídia e quando chegou a hora de mudar o sistema, percebeu-se que não haviam investido o suficiente na mudança em si. O país entrou em colapso. Ensaio geral para o bug do milênio.


Hoje, terça feira, entrou em funcionamento uma outra mudança, essa protagonizada pelos principais jornais do país. Fizeram regime e estreitaram a largura. A desculpa: tornar o manuseio mais cômodo. Acontece que a mudança anunciada ainda não é para valer, vai demorar: apesar dos enormes anúncios de página inteira marcando o dia D para hoje, a maioria dos jornais por enquanto apenas encolheu a mancha impressa, outros mudaram os segundos cadernos ou classificados. O formato ainda é o mesmo até que comece a chegar o novo estoque de papel e as rotativas sejam adaptadas.


Então por que não se esperou para discutir o assunto com os leitores? Na verdade, o que se pretende é economizar no custo do papel encarecido com a desvalorização do real. Acontece que os jornais já haviam aumentado o preço logo depois da desvalorização conforme comentamos neste programa.


E por que razão a Gazeta Mercantil, o mais importante veículo de economia e negócios do país, não aderiu ao novo formato? Simplesmente porque a Gazeta Mercantil sabe que qualquer redução no tamanho acaba prejudicando a quantidade de informação e no caso, quantidade tem a ver com qualidade.


Se é para mudar, mude-se para valer. um dos melhores jornais do mundo é o Le Monde concebido para um formato menor. Ou mude-se para o formato tablóide da Zero Hora, o mais importante jornal regional do país.


Badalar mudanças implica na obrigação de prepará-las antes com muito cuidado. Jornais deveriam dar o exemplo. E num regime democrático quando se mexe em 60 jornais ao mesmo tempo conviria que o leitor-cidadão também oferecesse a sua opinião. Afinal jornal não é (gesto de telefonar).


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm