Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você deve ter reparado na novidade: no último domingo voltamos a ter nas bancas revistas de notícias autênticas no lugar dos chatíssimos semanários de auto-ajuda. Desapareceram de repente as capas sobre intuição, hipertensão e saúde sexual e no seu lugar, graças às tragédias e comédias do Brasil profundo, voltamos a ter revistas de notícias, semanários de informação. Se continuarem nesta disposição certamente não teremos outros Severinos dando sustos e outras irmãs Dorothy assassinadas porque denunciaram abusos.
A ‘Folha’ constatou no domingo: o orçamento da Câmara Federal supera o de oito estados – dois bilhões e meio de reais consumidos pelos 513 representantes do povo. Acontece que esta mesma Câmara tem uma TV, uma rádio, um jornal diário, uma agência e um site de notícias. Supõe-se que este magnífico conjunto de veículos pagos pelo contribuinte deveriam cuidar do interesse público. Engano: os deputados não se impressionaram com as cifras levantadas pela ‘Folha’ e os veículos que comandam acharam perfeitamente natural ignorá-las.
Ronaldo, o Fenômeno, não gostou da maneira com que a imprensa esportiva cobriu as suas bodas em Paris. Foi taxativo: ‘a imprensa esportiva se transformou em imprensa de fofocas’. A acusação é séria, não pode cair no vazio.
Acusação séria, mais séria ainda e que também não pode cair no vazio foi publicada no ‘Globo’ em seguida ao Carnaval sobre as relações perigosas entre as Escolas de Samba e o jogo do bicho. O Carnaval é sério demais, importante demais para que sobre ele pairem tão graves dúvidas e suspeitas. O Carnaval é uma festa do povo mas quem o transformou em evento internacional foi a mídia. Já no início do século 20 os jornais cariocas estimulavam os certames carnavalescos. Depois deles, vieram as emissoras de rádio, as grandes revistas coloridas ‘O Cruzeiro’ e ‘Manchete’ e finalmente a televisão. Momo desapareceu da mídia, substituído pelas Lumas de Oliveiras mas a mídia não pode perder de vista o que acontece atrás da Passarela do Samba e não aparece nos camarotes da Avenida. Para a mídia não deve haver tabus. É estranho que apenas um jornal do eixo Rio – São Paulo tenha investigado o assunto. Mais estranho que a televisão fique de fora deste debate.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm