Thursday, 09 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

Notícias da independência

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Este é um sete de setembro especial, embora não produza nenhuma data redonda: são 188 anos da Independência, número quebrado. Mas neste ano há pelo menos duas fortes razões para um reencontro com a história.

Em primeiro lugar porque em 2010 comemoram-se em diversos países latino-americanos os 200 anos do início das lutas emancipatórias.

Em segundo lugar porque nossa imprensa voltou a ter uma história com o decreto presidencial que consagrou como herói nacional, o patriarca do jornalismo, Hipólito da Costa.

Em 2008, quando deveríamos comemorar os 200 anos da fundação da nossa imprensa, por um destes insondáveis mistérios que envolvem as instituições brasileiras, a própria imprensa embargou as comemorações sobre o seu bi-centenário. Não se falou em Hipólito da Costa, nem no seu Correio Braziliense, muito menos na Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso no Brasil, ou nos outros periódicos publicados em seguida.

Recuperada a história da imprensa, por um ato do governo, temos a oportunidade de examinar como se comportaram os veículos jornalísticos então existentes diante do episódio, às margens do Ipiranga, em sete de setembro de 1822.

E comprovamos que nenhum dos cinco periódicos que circulavam naquele ano mencionou o heróico brado retumbante em São Paulo. Obviamente todos sabiam o que estava acontecendo, sabiam que a independência era um processo em marcha, irreversível, mas preferiram esperar a aclamação popular para conferir mais legitimidade à ação de D. Pedro.

A Independência foi um ato político comprovado, iniciado ainda em agosto mas a aclamação no Rio de Janeiro foi um golpe de marketing, inclusive para produzir maior repercussão no exterior. Está nos jornais e quando se tem uma imprensa, é mais fácil escrever a história.