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Ele pode ser um boa praça, bom amigo, talvez bom chefe de família, mas na esfera pública Ricardo Terra Teixeira conhecido como Ricardo Teixeira é uma unanimidade – o inimigo público número um.
É preciso que se diga que esta unanimidade é tardia, o ex-manda-chuva do futebol brasileiro permaneceu blindado ao longo de duas décadas e só nos últimos três anos é que perdeu as imunidades que grande parte da imprensa lhe oferecia.
É um caso de estudo sobre a leniência que se irradia de certas figuras envolvidas com atividades populares: o esporte, e sobretudo o futebol, oferece uma armadura resistente às exigências éticas e aos sacolejos dados pela mídia. O mesmo acontece nos círculos próximos às escolas de samba e ao carnaval. O "rouba mas faz" é um fenômeno político que não é exclusivo do Brasil. Silvio Berlusconi na Itália sobreviveu tanto tempo porque nele se refugiou com extrema habilidade, usando inclusive o futebol.
Ricardo Teixeira foi enfim derrubado mas os seus sucessores originam-se num esquema moral não muito diferente. A pergunta tornou-se coletiva e urgente: a faxina vai continuar?