Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. O ano verdadeiro começa agora e começa mal: o vexame acontecido nesta manhã na Câmara dos Deputados só agora, 15 horas depois, começa a ser conhecido, avaliado e digerido. Como não existem mais vespertinos, todos os matutinos foram furados. Não fossem os tele-jornais e a internet os brasileiros teriam passado o dia sem saber detalhes de um fato que terá profundas implicações no panorama político e eleitoral. O rádio perdeu uma boa oportunidade para mostrar a sua velocidade, mas sem jornais não tinha informações a oferecer. Os jornalistas de Brasília já esperavam a catástrofe mas o único que conseguiu testemunhá-la de perto foi o veterano Ricardo Noblat. Graças à sua semelhança com o deputado Tomás Nonô entrou sem problemas no plenário e contou no seu blog os detalhes do tsunami político que levou o azarão Severino Cavalcanti à presidência da Câmara Federal. No Pará trava-se há mais de 10 anos uma guerra que já custou centenas de vidas. Envolve madeireiros, grileiros, fazendeiros, garimpeiros, índios, agricultores sem terra, políticos, militantes de direitos humanos e ambientalistas. A grande imprensa só vai ao Pará depois das tragédias. A missionária americana Dorothy Stang está há 40 anos em Anapu, a 900 quilômetros de Belém, denunciando abusos, protegendo os perseguidos, ela própria jurada de morte. A luta quase solitária desta freira só ficou conhecida depois que foi assassinada pelos pistoleiros. Sabemos tudo sobre o casamento do Ronaldo Fenômeno em Paris, nosso governo quer integrar a América do Sul através de um novo canal de tv mas o Brasil ainda não se integrou – não sabe o que se passa em seu próprio território. No Iraque já foram mortos 47 jornalistas, 17 seqüestrados, um deles assassinado. Só nos 46 dias deste novo ano, já foi assassinado um jornalista iraquiano e sequestradas duas jornalistas, uma francesa e outra italiana. O chamado ‘fogo amigo’ que não é tão amigo matou muitos profissionais de imprensa mas o inimigo assumido dos jornalistas tem sido os terroristas que não encontram outra forma de propagar suas idéias senão através da violência contra a imprensa. Isso significa que os jornalistas devem abandonar o Iraque? Ou esquecer o que se passa no Pará? O compromisso do jornalista é acompanhar os acontecimentos o mais perto possível. É perigoso, é arriscado, mas esta é a nossa profissão. Assista ao compacto desse programa em:
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