Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A decadência e morte do JB tornaram imperioso o desdobramento de um debate que começou há 10 dias sobre a autorregulamentação da imprensa.
Um setor ou segmento econômico que aceita o princípio da supervisão corporativa teria evitado os vexames cometidos pelo Jornal do Brasil quando vendia manchetes e favorecimentos aos políticos que o apoiavam? Qual a dimensão da autorregulação – evitar abusos episódicos em matéria de sensacionalismo e intromissão na vida privada ou estabelecer paradigmas de comportamento que mantenham a imprensa comprometida com o interesse público?
Ao propor no seu 8º Congresso, o Instituto da Autorregulação, a direção da ANJ, Associação Nacional de Jornais, certamente não examinou todos os desdobramentos da questão: imaginou um código genérico, inodoro e indolor, destinado a desarmar as crescentes demandas em favor do controle dito "social" da imprensa. Jamais poderia supor que o assunto produziria uma inédita discordância interna e que esta discordância tornar-se-ia pública.
O empresariado dos jornais dividiu-se e isto foi registrado pelos veículos que cobriram o Congresso e o mais importante é que esta dissidência foi iniciada por respeitados jornalistas convidados para refletir sobre o assunto.
A quebra da unanimidade na ANJ é extremamente positiva porque uma imprensa livre é geralmente plural, quanto mais diversificada, mais legítima. Esta discordância envolve princípios e estratégias que uma vez reveladas não podem ser esquecidas ou enfiadas na gaveta.
A autorregulação teria salvo da ruína e da degradação um jornal como o JB? Empresários que não respeitam as normas da sua corporação podem prosseguir impunes? A autorregulação entrou para a agenda pública e para sempre.