Thursday, 09 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

Peça de museu

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Este mundial tem algo que nos remete ao terceiro, o de 1938, na França no qual brilhou nossa primeira estrela, Leônidas da Silva. Agora reparem no logotipo da copa da África do Sul e vejam se aquela cambalhota não é a representação de uma bicicleta. Tem tudo a ver. Leônidas em 38, Pelé nos anos sessenta, são as expressões máximas de nosso futebol e ambos exímios na arte da bicicleta.

Já se passaram pouco mais de sete décadas entre as primeiras bicicletas do Diamante Negro e a sua celebração na logomarca da copa sul-africana. Mas parece uma eternidade porque o que se convencionou chamar de futebol-arte é hoje uma peça de museu.

Curiosamente quanto mais se aproxima do conceito de show mundial mais o futebol se distancia dos paradigmas que o converteram no esporte das massas. O culto das táticas rígidas tem um duplo efeito: acaba com a hegemonia dos gigantes, socializa os seus segredos e de certa forma nivela por baixo um espetáculo que deveria ser representar a busca da suprema excelência.

A bicicleta evidentemente é um recurso de uso restrito, reservado aos deuses. Não é arma de guerreiros, monumento às artes do futebol-arte.