Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Pesquisas

O presidente do TSE, ministro Ilmar Galvão, disse ontem, segunda, que foi um dia negro para as pesquisas eleitorais. Este Observatório acrescenta: hoje terça feira está sendo o dia negro da mídia. Basta ver os jornais. A mídia está querendo desvincular-se de algo com o qual está organicamente comprometida. Se as prévias eventualmente induziram os eleitores é preciso não esquecer quem as divulgou e de que forma isso foi feito.

Todos os grandes veículos jornalísticos brasileiros contrataram pesquisas exclusivas. Todos. em alguns casos realizadas por empresas do mesmo grupo. Portanto é falacioso senão cínico colocar sob suspeição quem produziu as informações esquecendo quem as martelou de forma tão obsessiva.


Desde a sua criação, há dois anos e meio, este Observatório vem procurando alertar para os perigos da ‘pesquisite’, a infecção que atrofia o exercício do jornalismo e o converte num mero divulgador de dados que outros produzem. Prévias são prévias. Não podem ser apresentadas, como a mídia o faz, na forma de sentença definitiva. Amostragens momentâneas, se forem repetidas, tendem a realimentar-se e a auto-confirmar-se.


A utilização abusiva de sondagens pela mídia esvaziou o confronto de programas e concentrou o pleito nas disputas majoritárias minimizando as escolhas no Legislativo.


Manchetes dramatizadas ignoraram as margens de erro. Alterações de dois pontos foram alardeadas como se fossem goleada. Sobretudo nos dias finais induzindo os indecisos e os inseguros.


O atual código eleitoral preparado pelo Legislativo e posto em vigor pelo Judiciário é permissivo no tocante à divulgação das prévias. E a mídia o arrombou por todos os lados num açodamento pelo furo que não se justifica em matéria tão importante.


Quando ficou evidente que o fim da votação ultrapassaria o limite das 19 horas e o TSE não se mexia para adiar a liberação das prévias de boca de urna deveria entrar em ação o senso de responsabilidade das empresas jornalísticas atrasando a divulgação.


A grande verdade é que se as pesquisas perderam a aura de infalibilidade, a mídia perdeu a mística da credibilidade, substâncias essenciais para o exercício pleno das respectivas funções.


Este programa não discute política, discute o desempenho da imprensa. Este programa não discute o teor das informações mas o modo de apresentá-las. Este programa não endossa suspeições sobre a lisura do pleito mas estimula o debate para que os próximos sejam aperfeiçoados.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm