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Combinada à política, a religião exibe novamente a sua carga de rancor. O paroxismo, novamente protagonizado pelo extremismo islâmico, começa a se tornar rotina. Este é o perigo: o mundo moderno, imperiosamente globalizado, está sendo varrido periodicamente por irrupções de ódio político-religioso e se acostuma a este tipo de ruptura.
A "Primavera Árabe" trouxe o voto universal a países que desconheciam o poder das urnas, mas a democracia não se resume ao ato de votar. Sem respeito às inevitáveis diferenças no gênero humano e desprezando a tolerância, uma sociedade não pode pretender a classificação de democrática.
E isto vale tanto para a república americana, com mais de dois séculos de existência, como vale para a república egípcia ora em gestação.
O fanatismo da direita americana, que inspirou o clipe contra Maomé, veiculado no YouTube, é aparentemente inofensivo, mas tão nocivo quanto a reação delirante e sanguinária que está provocando em todo o Oriente, do Mediterrâneo à Ásia Central.
Ao adotar as tecnologias ocidentais, o Oriente se recusa a conviver com valores que tornaram possíveis estas tecnologias. O Ocidente também reagiu ao avanço produzido pelas maquinetas inventadas por Gutenberg, também cortaram-se muitas cabeças. O nazi-fascismo e o comunismo estalinista foram as últimas barreiras contra a tolerância. E ruíram fragorosamente.
Às vésperas do primeiro milênio, na Espanha, o islamismo representou uma abertura filosófica e cultural. Agora, no início deste terceiro milênio, torna-se evidente a sua obsolescência apegada apenas ao ódio.
Guerras santas, como todas as guerras, são abomináveis em qualquer parte.