Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Faltam três semanas, a campanha eleitoral está quente, mas as atenções da mídia estão voltadas para a disputa pelas prefeituras. É uma opção errada sob o ponto de vista cívico, político e até mercadológico.
São cerca de 5.600 municípios no país com cerca de 58.000 vagas para vereadores. O número de candidatos em todo o país é astronômico: são cerca de 430.000, repito 430.000 – daria para criar uma cidade de porte médio. Só o estado de São Paulo tem cerca de 75.000 candidatos. O estado com o menor número de candidatos, Roraima, tem 1.500.
É um mundo – há quem diga que seja o sub-mundo da política – de qualquer forma é um universo que fermenta longe da fiscalização da imprensa, inacessível ao escrutínio da sociedade. Não fossem os horários de propaganda gratuita do TRE, a natural visibilidade dos candidatos à reeleição e alguns postulantes mais abonados ou exóticos, pouco chegaria ao eleitorado.
No entanto, é na Câmara dos Vereadores que se inicia efetivamente o ciclo político. Nossa imprensa esqueceu sua função comunitária, não acompanha os trabalhos das Câmaras Municipais e antes das eleições municipais não se lembra de investigar quem são os candidatos.
Neste nosso jornalismo burocrático, omisso, desossado e sem palpitação, chama a atenção a criatividade do Jornal da Tarde de São Paulo, do grupo Estadão. Um repórter do jornal inscreveu-se como candidato, está fazendo campanha, publica tudo o que observa no seu blog chamado "Candidato Acidental" mas ninguém sabe quem é. É uma endoscopia das entranhas da nossa política.