Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Programa ‘Mais Médicos’

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

No elenco da telenovela política “Mais Médicos”, a mídia não está entre os mocinhos, mas entre os vilões. Seu único desempenho positivo foi a publicação na capa da Folha da foto da vaia dos médicos cearenses na chegada dos colegas cubanos.

Caso raro de uma vaia sem som, apenas gestual, que escancarou as altas doses de histeria ideológica, corporativismo, xenofobia e até racismo na oposição à importação de médicos para atenuar as nossas carências.

Os quase cinco mil médicos cubanos não resolverão as dramáticas deficiências da saúde pública. Faltam quinze mil profissionais. O ideal seriam médicos brasileiros, mas mesmo médicos nascidos no sul, às vezes, têm dificuldade de entender expressões usadas pelos conterrâneos analfabetos nos grotões de miséria do Brasil profundo, onde “figo” significa fígado, “zóio” significa olhos, e assim por diante.

Nossos postos de saúde são geralmente precários, subequipados, sem medicamentos básicos, mas a carência essencial é de médicos. É com mais médicos que os problemas começarão a ser resolvidos. A mídia detestou a vinda dos cubanos por razões puramente ideológicas.

Se Israel há décadas exporta seus agrônomos e a Índia os seus especialistas em informática, por que ignorar que Cuba exibe altos índices em matéria de prevenção?

Todas as ciências são humanitárias, mas as ciências médicas representam a quintessência da solidariedade e do altruísmo. Tratá-la como matéria partidária é uma desumanidade.