Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Sem sinal, a ligação caiu

"Caiu o sistema", "perdemos o contato", "este número não existe" – a telefonia móvel no Brasil seria uma espetacular história de sucesso, não fossem estes bordões tão repetidos e desesperadores para tanta gente.
 
Em boa hora, o Brasil soube livrar-se das amarras do estatismo e privatizou a telefonia no país, mas esqueceu de dar o passo indispensável logo em seguida: regular e fiscalizar o mercado. Acreditamos na balela do capitalismo selvagem de que a dinâmica empresarial é capaz de atender o interesse público. Não é.
 
A prova foi dada há poucas semanas quando, pressionada pelo governo, a Anatel foi obrigada a prestar atenção ao número de reclamações e interviu neste senhor todo poderoso chamado mercado. Três importantes operadoras de telefonia foram punidas, mas o castigo foi rápido, se durasse mais, elas teriam quebrado.
 
A mídia brasileira foi talvez o setor que mais se beneficiou com a expansão da telefonia: ganhou novas plataformas para oferecer conteúdos, mas ganhou sobretudo muita grana já que os celulares são os produtos mais anunciados na mídia impressa. Mais anunciados e os menos fiscalizados pela própria mídia. Se nossos jornais, rádios e emissoras de Tv acompanhassem o número de reclamações no Procon – como seria de se esperar – não teriam sido surpreendidos pela intervenção da Anatel.
 
A situação está longe de ser resolvida e para ser resolvida é indispensável que a mídia tradicional assuma suas responsabilidades históricas.