Friday, 10 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

Recurso questionado

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Há uma ética para cada ofício, trabalho, circunstância ou situação. Mas a avaliação da conduta humana faz-se dentro de normas éticas abrangentes, caso contrário nunca se saberia o que é ético, aético ou antiético.

Como o jornalismo pode ser definido como a busca permanente da verdade, seu exercício está impregnado de questionamentos éticos ou deontológicos. Cada passo e cada procedimento jornalístico suscita dúvidas, e não poderia ser diferente porque, sendo a imprensa um poder, suas ações só podem ser praticadas de forma atenta, rigorosamente conscientes.

O esplêndido trabalho de investigação feito por uma equipe da Tv Globo no Fantástico do dia 18 de março escancarou a falsificação de licitações em hospitais públicos. Apoiados em três câmeras ocultas, os repórteres da Globo obtiveram dos suspeitos amplas provas da sua delinquência com repercussões até na presidência da República.

O que nos leva à questão central desta edição do Observatório da Imprensa: o entrevistado não deve saber que está sendo entrevistado? Mas, se ele souber que está diante de repórteres com suas câmeras e gravadores acionados, ele revelará os ilícitos que pratica com a mesma franqueza?

A questão transcende a esfera jornalística porque hoje vivemos na sociedade midiática, tanto assim que o Tribunal Constitucional da Espanha, em decisão tomada em seis de fevereiro, desqualificou o uso de câmeras ocultas por jornalistas.

Quem está certo? Todos os que se preocupam com um jornalismo de qualidade.