Thursday, 09 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

Sem espaços para a filosofia

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Alguns otimistas etiquetam os nossos tempos como "a era da informação", outros preferem uma designação mais cautelosa, cética. Segundo eles, estaríamos na "era da indiferença". Uma terceira visão parece mais adequada e equilibrada: a era da informação – o dilúvio informativo – produz uma fragmentação e uma secundarização que desaguam numa espécie de letargia coletiva e globalizada. Informação e indiferença, portanto, fariam parte do mesmo pacote.

Isso significa que a sociedade contemporânea está desperdiçando a capacidade humana de buscar o sentido das coisas? Perdemos a capacidade de digerir as mudanças descarregadas pela galáxia novidadeira? As tensões e o stress – artificiais ou não – de uma sociedade espetacularizada não estariam nos empurrando para uma banalização que encara a filosofia como chatice? Penso, logo existo saiu de moda?

A imprensa tem muito a ver com esta onda de simplificações e esta perda de transcendentalidade. Ao abdicar do papel de alavanca para indagações, ela estimula o simplismo, o reducionismo e a irracionalidade. Para o brasileiro médio, Sócrates é uma grande estrela do futebol, médico, corintiano, capitão da nossa seleção em 1982. Mas sobre o seu homônimo precursor, o filósofo grego Sócrates é uma abstração.

Mas nem tudo está perdido, este Observatório traz hoje uma experiência muito bem sucedida comandada por um jornalista-filósofo que em três décadas organizou trinta ciclos de conferências em sete cidades brasileiras. Cada ciclo resultou num livro e desta biblioteca foram vendidos 180 mil exemplares.

Adauto Novaes é o autor desta façanha que, de certa forma, tem o seu início no velho departamento de pesquisa do recém-falecido Jornal do Brasil.

Também participam conosco deste programa Franklin Leopoldo e Silva e Newton Bignotto, filósofos que participam constantemente dos ciclos de debates promovidos por Adauto.