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Os americanos sempre foram muito agradecidos aos franceses pela ajuda na guerra da independência contra os ingleses e retribuíram comandando a expulsão dos nazistas.
A mútua gratidão está sendo esquecida a partir do episódio da prisão do diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, acusado do estupro de uma camareira num hotel de Nova York. Os franceses estão indignados com o que eles chamam de "sensacionalismo" da imprensa americana ao expor o acusado como se já fosse considerado culpado. Os americanos respondem no mesmo tom contestando os cuidados da imprensa francesa ao noticiar fatos relacionados com a vida de celebridades e políticos importantes.
O debate sobre presos e algemas já aconteceu por aqui em diversas ocasiões, a última durante a operação Satiagraha, em 2008, quando banqueiros e políticos foram fotografados quando eram algemados pela Polícia Federal.
O caso de DSK não deve circunscrever-se às diferenças entre os procedimentos de duas grandes escolas jornalísticas. Nem pode ser confundido com uma repetição do caso Dreifus, o famoso erro judicial no fim do século 19 que comoveu o mundo.
Tudo indica que a abrupta interrupção na brilhante carreira profissional e política de DSK não foi obra da fatalidade, foi fruto de uma violência que os bem sucedidos sentem-se no direito de utilizar sem se dar conta das suas consequências.