A maior tragédia ambiental da história do país deixou 12 pessoas mortas, 11 desaparecidas, uma cidade destruída, um rio morto e a mídia nacional na berlinda. A barragem que se rompeu em Mariana, Minas Gerais, no dia 05 de novembro, jogou no solo e nos rios detritos de minérios altamente poluentes como manganês, ferro e mercúrio. Os dejetos tornaram a terra infértil, mataram fauna e flora. É tão grave que ambientalistas ainda não sabem avaliar com precisão o futuro da vida naquela região. Apesar da catástrofe sem precedentes, a imprensa demorou mais de 10 dias para dar o devido destaque e a dimensão que o assunto merecia.
No Brasil existem 402 barragens de minérios, desse total 16 estão em risco, mas a opinião pública só agora conhece este perigo. Nem as primeiras imagens da televisão mostrando o lodaçal em que se transformou a cidade de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, foram suficientes para que as principais empresas jornalísticas enviassem equipes e repórteres para o local do desastre.
Jornais como o Zero Hora, de Porto Alegre, que tradicionalmente cobre bem assuntos internacionais, se apressaram em enviar uma equipe para cobrir os atentados em Paris no dia 13, mas não enviaram, na época, um repórter para Minas Gerais.
O Observatório da Imprensa quer aprofundar estas questões no programa e contribuir na construção de uma imprensa mais atenta, mais crítica com empresas e governantes e responsável com o meio ambiente.