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Tudo começou com Honoré de Balzac: ele é o pai do moderno romance mas é também pai – ou padrasto – da crítica da imprensa pela via da ficção. A trilogia "Ilusões Perdidas" começou a ser publicada em 1836, poucas décadas depois da criação da própria palavra "jornalismo" e do espetacular salto da imprensa francesa em termos de audiência e poder.
Nem os jornais nem jornalistas preocuparam-se em revidar as críticas de Balzac. Principalmente porque Balzac, como muitos romancistas contemporâneos, utilizou intensamente a imprensa diária para veicular os seus folhetins antes de serem impressos em formato livro.
O teatro foi outra arte que satirizou o jornalismo, mas a campeã em matéria de utilização da imprensa e da mídia como assunto foi a sétima arte, o cinema. Na telona dos cinemas ou na telinha da tv, ao longo de quase 120 anos, a imprensa tem sido intensamente focalizada, ora para ser denunciada ou glorificada.
Protagonista da sociedade contemporânea, a mídia informativa tem aversão aos holofotes. Utiliza-os profusamente em todas as esferas e oportunidades mas poupa-se e não é por modéstia: não gosta de expor as suas mazelas, prefere discuti-las em ambientes fechados, temerosa dos efeitos sobre a sua credibilidade.
Esta "discrição" não tem evitado que a imprensa esteja cada vez mais exposta e visível. Livros como "Os Imperfeccionistas", "Exclusiva" e a trilogia "Millenium" seguem a trilha iniciada por Balzac há 176 anos. E um novo seriado americano, "Newsroom", apesar de estar apenas no quarto episódio e em pleno verão promete trazer para o grande público algo mais contundente do que a coluna de um ombdusman.