Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. Há um novo censor na praça. Ele não usa farda, toga ou touca de terrorista, nem parece um esbirro da inquisição. O mais recente censor das nossas paragens é cantor, xodó das mulheres. E, não obstante, cometeu uma das maiores violências contra a liberdade de expressão. Quando Roberto Carlos entrou com uma ação para embargar a venda da sua mais recente biografia, mostrava o grau de autoritarismo que ainda impregna a sociedade brasileira. Curiosamente, a mídia quase não estrilou, fingiu que não era com ela, não enxergou (ou não quis enxergar) o perigo político. Preferiu poupar o Rei, não queria desmoralizar uma celebridade que já está no pedestal há mais de quatro décadas. É um engano colocar a questão no plano da literatura e das biografias. Biografia é história e a história não pertence às pessoas, história é de domínio público. Estabelecido o perigoso precedente de censurar uma biografia, breve teremos a censura de obras de ficção, censura de peças de teatro e censura de filmes sob o pretexto de que seus personagens se parecem com gente de carne e osso tiradas da vida real. Assim, de concessão em concessão, alimentamos a megalomania das celebridades e passamos uma borracha na história do nosso tempo. Assista ao compacto desse programa em:
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