Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Informação é como mercúrio, impossível pegar, segurar. A dinâmica informativa produz continuamente novos meios e formatos. E foi assim que, durante a ditadura militar, o rígido controle da grande imprensa, criou outra imprensa: ágil, crítica, rebelde, logo denominada "imprensa alternativa".
O levante de junho caracterizou-se como reação aos roteiros pré-fixados. Os manifestantes exigiam ser ouvidos, não queriam intermediários. Pode-se dizer que junho foi o mês da linha direta – em todas as esferas.
Justamente no meio das manifestações, o mercúrio da informação acabou produzindo uma nova forma de fazer jornalismo a partir de uma palavra de origem japonesa vulgarizada a partir dos games e animações: ninja é um lutador, um disfarce.
Mídia ninja passou a simbolizar uma forma individual de colher e transmitir informações, notícia em estado bruto, sem passar pela cosmética da edição. Para alguns, mídia ninja é também um jornalismo ativista, militante, capaz de romper o conformismo dos meios tradicionais.
Eles se consideram pós-jornalistas mas há quem os classifique como pré-jornalistas. Certo é que os ninja saíram da quase clandestinidade e saltaram para a fama ao denunciar a repressão policial no Rio de Janeiro: frequentam as primeiras páginas, o Jornal Nacional, as colunas de opinião. Fenômeno do momento, poderão sacudir a imprensa do seu comodismo, espanar convenções e rotinas. Tal como a imprensa alternativa dos anos 60 e 70, os ninja podem revitalizar um processo jornalístico que na última década só se preocupou com a sua própria sobrevivência.
Pode ser visto como o "jornalismo-cidadão" sonhado a partir das novas tecnologias ou como "jornalismo marginal", herdeiro direto dos quatro séculos de inconformismo da imprensa histórica.