Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você sabe como o assaltante Ronald Biggs foi levado à Inglaterra para ser preso? O tablóide sensacionalista, The Sun, pagou tudo: o jatinho, a entrevista e a exclusividade das matérias e fotos. Isso é jornalismo ou é comércio? Quem não gostou desta jogada marqueteira foi a comissão de queixas contra a imprensa que vai argüir o jornal por comportamento antiético.
Antes que você pergunte, nós respondemos: no Brasil não existe nada parecido com “press complaints comission” onde a imprensa inglesa expõe-se ao controle social e ao escrutínio público.
Mas se os nossos legisladores ou empresários de jornal não tiveram a lembrança de criar aqui uma comissão nestes moldes, alguns jornalistas em 1996 criaram algo parecido: este Observatório da Imprensa. Primeiro na internet e, depois na televisão, a sociedade brasileira passou a contar com uma janela para observar e discutir o desempenho da mídia.
O programa de hoje comemora este duplo aniversário. Cinco mais três não é pouca coisa num país tão pouco inclinado à perseverança e à continuidade.
Mas o que leva hoje este Observatório a olhar o próprio Observatório não é o desejo da auto-promoção, mas a necessidade de explicitar dois conceitos fundamentais da democracia moderna sobre os quais foi criado o Observatório. O primeiro princípio: cada poder precisa de um contrapoder e o único contrapoder legítimo ao poder da imprensa é aquele exercido por aquela à qual a imprensa deve servir – a cidadania. O segundo princípio: o ato de observar é uma forma de intervir. Ao observar, pensamos, ao pensar, existimos. E ao existir, atuamos.
O observado sabe que está sendo observado e toma cuidado, o observador sabendo disso, redobra a observação. Não é por acaso que o mote deste projeto é um convite à dúvida e à objeção, um estímulo ao ceticismo, ao ceticismo criador. Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito é uma convocação para transformar cada leitor, cada ouvinte e cada telespectador num agente ativo do processo informativo, essencial ao processo de enriquecimento cultural do país.
Ao dedicar este Observatório ao conceito de observar é nossa intenção estimular a criação de dez, vinte, cem observatórios. Precisamos de mais Observatórios da Imprensa, Observatórios da política, da justiça e dos negócios. Quanto mais observação mais participação, quanto mais observação mais diversidade e quanto maior a pluralidade mais democracia. Não é por acaso que o símbolo do Observatório é um olho. Um olho aberto. Abra o seu, observe, desconfie, participe.
Assista ao programa na íntegra em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm