Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornais limitam anonimato valorizando identificação dos comentários de leitores

Uma nova e importante mudança de orientação sobre a publicação de comentários deve entrar em vigor, em breve, nos mais importantes jornais norte-americanos numa tentativa de incentivar a participação de leitores e desestimular a publicação de textos anônimos.


 


É mais um capítulo na velha polêmica entre adeptos e críticos http://unambig.wordpress.com/2009/02/08/the-dangers-of-posting-under-your-real-name/ da liberdade total de publicação de comentários, sejam eles anônimos ou assinados com nome verdadeiro. Até agora os críticos eram maioria nas redações por conta da virulência de alguns comentaristas, quase todos anônimos.


 


É também mais um desdobramento da espinhosa questão da participação do público na produção de material noticioso, seja ele em texto, áudio ou imagens. Mas aos poucos tanto o anonimato nos comentários online como a controvertida idéia de amadores no jornalismo começam a ser vistos de um ponto de vista mais pragmático e menos passional.


 


A mudança planejada nas versões online dos jornais The Washington Post e The New York Times não vai proibir os comentários anônimos, mas vai conceder uma série de regalias aos leitores que se identificarem na hora de fazer críticas, sugestões e observações às reportagens publicadas.  


 


Ao mesmo tempo, a defesa intransigente do anonimato deixa de ser uma questão de honra para os defensores da liberdade total na Web na medida em que a identificação começa a ser associada à qualidade dos textos e qualificação dos respectivos autores.


 


Ao longo dos últimos 10 anos de existência da Web, a catarse inicial dos usuários da internet cedeu, gradualmente, espaço para a preocupação com o conteúdo. No início da era digital ficou famoso o slogan “na internet ninguém sabe que você é um cachorro”, uma crítica mordaz ao anonimato.


 


Era a época em que a internet era um território jovem onde seus habitantes faziam questão de exercitar o recém conquistado  privilégio de ter um lugar na arena informativa para testar os limites da tolerância. O amadurecimento da Web não eliminou o uso do anonimato para diatribes por escrito, em áudio ou imagens, mas colocou a questão num outro contexto.


 


Hoje o anonimato não é mais associado com um delito pela maioria esmagadora dos internautas mais experientes, mas como um sintoma de caráter fraco. A intensificação da avalancha informativa fez as pessoas recorrerem cada vez mais à contextualização e à leitura crítica, dois hábitos incompatíveis com o anonimato. 


 


Os dois ícones da imprensa norte-americana, depois de uma oposição sistemática ao anonimato preferem agora tolerá-lo usando, como antídoto, a arma da sedução dos comentaristas com nome, sobrenome, email e o equivalente ao nosso CPF.


 

O novo sistema vai permitir que os leitores norte-americanos votem nos comentários criando um ranking dos mais lidos e valorizados. Os mais bem cotados terão um destaque especial na área destinada às observações, críticas e sugestões de leitores, seguindo o exemplo de outros sites da Web que fazem um ranking das reportagens preferidas pelos leitores.