VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS
A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, sigla em inglês) disse em seu relatório anual que o ano de 2003 fechou com no mínimo 83 jornalistas e funcionários da mídia em geral mortos ? 13 mais que no ano passado. De acordo com a IFJ [22/12/03], a guerra no Iraque e os contínuos ataques na Colômbia e nas Filipinas foram responsáveis pela maior parte das vítimas.
A federação pediu investigações independentes a sete das 18 mortes ocorridas na guerra ao Iraque: Terry Lloyd, que viajava com os jornalistas desaparecidos Fred Nérac e Hussein Osman ? ambos tidos como mortos ?, em um conflito armado perto de Basra, em março; José Couso e Taras Protsiuk, mortos após um tanque americano atacar o Hotel Palestine, onde mais de 150 representantes de mídia estavam hospedados em Bagdá; Tareq Ayyoub, que morreu quando um avião dos EUA disparou um míssil que atingiu o escritório da al-Jazira em Bagdá; e Mazen Dana, premiado cameraman morto a tiros por tropas americanas enquanto se registrava na capital iraquiana, logo após o fim da invasão.
Esses casos, na opinião da IFJ, foram emblemáticos na luta por mais proteção a jornalistas em regiões de conflito. A organização pediu mudanças na lei internacional a fim de garantir que a perseguição de jornalistas e a negligência em protegê-los tornem-se crimes de guerra. Também quer a instalação de inquéritos independentes toda vez que um jornalista for morto em regiões de conflito.
Apesar de o Iraque ter roubado a maioria das manchetes, Colômbia e Filipinas foram países tão alarmantes quanto, com sete jornalistas mortos na Colômbia (mais um sob investigação) e três nas Filipinas (mais quatro sob investigação). Em ambos, jornalistas foram alvejados por tentarem expor corrupção, máfias de drogas e gangues criminosas. Foram os casos do radiojornalista Juan Emeterio Rivas e do repórter de TV Guillermo Bravo Vega, na Colômbia, e de Apolinario Pobeda e Bonifacio Gregorio nas Filipinas.
Dois jornalistas franceses do semanário L?Express, Marc Epstein e Jean-Paul Guilloteau, foram libertados sob fiança por um tribunal superior em Karachi, Paquistão. O colega paquistanês Khawar Mehdi Rizvi não teve a mesma sorte: há mais de uma semana em prisão secreta, seu advogado entrou com pedido de habeas corpus. Os três serviam ao mesmo jornal e foram "acusados" do mesmo "crime".
Os Repórteres Sem Fronteiras [24/12] comemoram a libertação dos dois jornalistas franceses, mas alegaram que não há lógica em manter Rizvi preso, já que como cidadão paquistanês, tem o direito de ir a Quetta ? local para o qual estrangeiros precisam de autorização especial.
Governo francês interveio
O governo da França foi o vetor da negociação com o Paquistão da libertação de Epstein, repórter, e Guilloteau, fotógrafo, presos por visitarem a cidade de Quetta, na fronteira com o Afeganistão, quando seus vistos permitiam trânsito apenas por Islamabad, Lahore e Karachi. Em uma primeira audiência, autoridades locais recusaram pedido de pagamento de fiança e disseram que os jornalistas franceses poderiam pegar até três anos de prisão.
A organização Repórteres Sem Fronteiras, que também se pronunciara exigindo a imediata deportação do dois, disse que eles viajaram a Quetta sem autorização porque faziam uma investigação sigilosa.