THE WASHINGTON POST
A cobertura do terrorismo foi assunto de diversas colunas do ombudsman do Washington Post, Michael Getler. Em artigo de 14/9, o jornalista faz um breve retrospecto de como ele vê a atuação da imprensa desde os atentados de 11 de setembro.
Logo após os ataques, o clima mudou nos EUA, e a população tinha a opinião quase unânime de que a al-Qaeda deveria ser combatida. As pessoas ficaram mais interessadas em notícias, o que afetou a imprensa. Apesar de um nacionalismo por vezes exacerbado, a cobertura jornalística daquela fase produziu excelentes matérias, na opinião de Getler.
Depois veio a guerra no Afeganistão, em que o Pentágono atrapalhou muito o trabalho dos jornalistas, que, mostrando habilidade e coragem, ainda assim conseguiram produzir um bom quadro do que estava se passando.
Para a invasão do Iraque, o governo americano criou a figura do repórter embedded, que acompanhava certas operações militares como se fizesse parte da tropa. Getler observa que o Pentágono tinha interesse em levar jornalistas consigo porque sabia que seu poderio militar era muito superior ao das forças de Saddam Hussein. O ombudsman escreve que, ainda assim, achou que os embedded trabalharam em prol do interesse público, pois complementaram a ampla cobertura feita pelos repórteres que investigavam independentemente dos militares.
Atualmente, a situação é outra. Os argumentos usados pela administração Bush para fazer a guerra estão em xeque e as forças americanas no Iraque estão sob ataque. A imprensa, que reduziu seu efetivo no país, tem a obrigação de continuar reportando o que acontece por lá, ao mesmo tempo em que precisa esclarecer se a derrubada de Saddam Hussein foi equivocada. O Post é um dos poucos veículos de comunicação que ainda têm uma equipe substancial no Iraque, com quatro repórteres e um fotógrafo.
O governo americano foi mais hábil em associar Saddam Hussein aos atentados de 11/9/01 que a mídia em captar que isso estava acontecendo, comenta o ombudsman. "Os períodos pré-guerra e pós-guerra são os que vão determinar quão bem a imprensa desempenhou seu papel de informar os cidadãos", conclui.