DANIEL PEARL (1963-2002)
Daniel Pearl, repórter do Wall Street Journal seqüestrado em 23 de janeiro, está morto ? informou o jornal na quinta-feira (21/2) [clique abaixo em PRÓXIMO TEXTO para ler a íntegra da nota]. Segundo fontes oficiais, uma fita de vídeo entregue a um jornalista paquistanês ? que levou 24 horas para convencer o consulado americano a assisti-la ? mostra imagens de Pearl tendo a garganta cortada.
Chefe da sucursal do Journal no Sul da Ásia, o jornalista foi capturado em Karachi após marcar entrevista com o líder de uma facção muçulmana que teria ligações com a al-Qaida, rede terrorista de Osama bin Laden. Daniel tinha 38 anos e era casado com a jornalista francesa Marianne, grávida de sete meses.
O grupo Movimento Nacional pela Restauração da Soberania Paquistanesa assumiu o seqüestro. Primeiro acusando o jornalista de ser espião da CIA, depois do serviço secreto israelense, os militantes pretendiam trocá-lo pelos prisioneiros de guerra afegãos levados para Guantánamo, em Cuba. A polícia paquistanesa deteve vários suspeitos, entre eles o britânico Ahmad Omar Saeed Sheikh, que admitiu ter planejado a ação. A primeira declaração de Sheikh dizia que Pearl estaria vivo, mas logo admitiu que ele foi morto durante tentativa de fuga, em 31 de janeiro. Fahad Naseem, outro suspeito, confessou que o repórter foi raptado por ser um judeu lutando contra o Islã. Naseem, Sheikh Adil e Salman Saquib são acusados de enviar e-mails a veículos de comunicação mostrando fotos do repórter no cativeiro. As informações são da Associated Press (21/2) e da Reuters (21 e 22/2).
Olhos e ouvidos
"Daniel Pearl foi o décimo jornalista a morrer cobrindo o 11 de setembro e suas conseqüências. No ano passado, 37 profissionais morreram no cumprimento do dever" ? escreveu Ann Cooper, diretora-executiva do Comitê de Proteção aos Jornalistas, lembrando os riscos e a importância da profissão [The New York Times, 23/2].
"Muitas pessoas fora do jornalismo fizeram uma pergunta: por que Danny Pearl assumiria tanto risco? Da mesma forma, eles poderiam perguntar por que policiais, bombeiros ou soldados se arriscam em seu trabalho. Todos estão servindo ao público ? no caso de jornalistas, ao fornecer às pessoas algo de que precisam desesperadamente: informação."
Os erros, a falta de ética e os egos inflamados de alguns tornaram a categoria vulnerável a críticas, e muitos governos as usam como desculpa para restringir a liberdade de imprensa. "Mas sem jornalistas como Danny Pearl perderíamos conhecimento e compreensão. (…) O filho de Danny precisa saber disto: seu pai representou o melhor de nossa profissão ? um jornalista investigativo, olhos e ouvidos do leitor, procurando respostas para questões complicadas, esperando ajudar todos a ver um pouco mais de sentido no mundo."
Cobertura
Na quinta-feira (21/2), a primeira rede americana a dar a notícia foi a CBS, às 16h21 (horário local); a CNN liderou as emissoras a cabo, anunciando às 16h26. A rede de notícias a cabo MSNBC foi a última a reportar o fato, às 17h20 ? quase uma hora depois de suas rivais ? interrompendo a cobertura dos Jogos Olímpicos de Inverno.
"Foi questão de arrumar tempo para fazer [a matéria]", explicou o porta-voz da rede, Mark O?Connor. David Bauder (AP, 21/2) revela que Bob Kur, repórter da MSNBC, foi a CNBC noticiar a história às 17 horas.
A cobertura dos Jogos tem dado grande audiência ao canal, em alguns casos triplicando os índices no horário da tarde. Enquanto a NBC e a CNBC apresentam eventos no horário nobre, a MSNBC os exibe das 13 às 19 horas. Em entrevista na quarta-feira, Erik Sorenson, presidente do canal, alertou para o risco do interesse corporativo da NBC entrar em choque com os objetivos da rede de notícias.