THE WASHINGTON POST
“A conselheira de segurança nacional Condoleezza Rice teve papel central em debate interno da Casa Branca e ajudou a persuadir o presidente Bush a condenar publicamente as políticas raciais de admissão da Universidade de Michigan.” Esta notícia foi capa do Washington Post no dia 17/1, como informa seu ombudsman, Michael Getler, em coluna de 26/1/03. O favorecimento de minorias étnicas no processo de admissão da instituição está sendo contestado na justiça e, de acordo com a matéria, Condoleezza teria dito a Bush que esse tipo de medida não é efetiva no aumento da diversidade nos campi.
No mesmo dia em que saiu a reportagem, a conselheira divulgou um comunicado afirmando que, apesar de acreditar que sejam preferíveis os meios não-raciais, seria apropriado utilizar a raça como um dos critérios, entre outros, para conseguir um corpo discente mais diverso. A edição seguinte do Post trazia continuação da matéria afirmando que ela teria ficado brava com a notícia porque, em parte, acreditava que só foi publicada porque é negra. No dia 19/1, Condoleezza foi a um programa de TV em que negou ter tido papel central na decisão de Bush de anunciar que recomendaria à Suprema Corte que impedisse a seleção racial de Michigan.
Getler conversou com a equipe do Post e com funcionários do governo para descobrir como a reportagem inicial poderia ser tão discordante da versão de Condoleezza. Teriam os repórteres deixado de falar com a principal figura envolvida no assunto? Pois foi justamente o que aconteceu. Liz Spayd, gerente editorial assistente, reconhece que o pedido de falar com Condoleezza foi negado e que tudo havia sido escrito com base em informações de outros funcionários do governo. Ela lamentou que isto não foi explicitado como deveria. Do modo como estava escrito, subentendia-se que a conselheira havia sido ouvida. “Os leitores mereciam algo melhor”, critica Getler.