REVISTAS NO MUNDO
Leneide Duarte-Plon, de Paris
A revista é a mídia internacional por excelência. E a criatividade dos jornalistas e empresários já deu origem a 110 mil títulos dos mais diversos assuntos ao redor do planeta. Não existe um pequeno nicho de mercado que não seja imediatamente ocupado por uma revista. Pense num assunto: em algum lugar no mundo existe uma revista para tratar dele ?c seja sexo, vida em família, cães, compras, jardinagem, vida saudável, carros, hotéis, bicicleta, terceira idade, gays, tudo o que se pode imaginar.
Com exceção das news magazines (ou revistas de informação) e das econômicas, o mercado de revistas teve um crescimento entre 5% e 10% no último ano. Na Europa, para as revistas de informação, a situação é considerada "boa" na França, "deprimida" na Itália e "muito deprimida" na Alemanha.
Essas foram algumas das conclusões a que chegaram os jornalistas e empresários reunidos em Paris para a Feira da Revista. Num momento em que a imprensa escrita cotidiana enfrenta uma grave crise em quase todo o mundo, o Carrousel du Louvre, em Paris, transformou-se na aldeia global da imprensa escrita não-cotidiana por três dias no mês de maio. Todas as grandes empresas que editam revistas no mundo estavam representadas no 34o Congresso Mundial de Revista e na Feira da Revista (34e Congrès Mondial du Magazine et Foire du Magazine). Essa feira está para as revistas assim como a Feira de Frankfurt está para o livro.
Três histórias
Na abertura do evento, Gérald de Roquemaurel, presidente-diretor-geral do grupo Hachette Filipacchi e presidente da Federação Internacional da Imprensa Periódica (Fédération Internationale de la Presse Périodique, FIPP), salientou que as revistas vão passar por nova fase de crescimento depois que a internet foi melhor compreendida em seu papel não como concorrente da imprensa escrita, mas como complemento dela. A FIPP, entidade fundada em 1925 em Paris e sediada em Londres desde 1939, representa hoje 110 mil títulos de 50 países diferentes com um volume publicitário de 40 bilhões de euros.
Roquemaurel disse que as revistas vêm tendo um crescente aumento das vendas globais. Segundo ele ? que representa a número 1 mundial da edição de revistas, com 230 títulos entre os quais a revista Elle, com mais de 30 edições internacionais ?, as receitas das revistas repousam 40% na publicidade e 60% nas vendas.
Até mesmo as 150 empresas de edição de revistas da China estiveram presentes, num momento difícil em que a pneumonia atípica (Sars) impedia a viagem de seus representantes a Paris. Não podendo mandar seus delegados, essas revistas expuseram seus números e foram representadas pelos jornalistas da sucursal de Paris. A Rússia e a China foram considerados dois mercados altamente promissores para os editores de revistas, ainda não explorados em toda a sua potencialidade.
A revista Vogue tem 95 anos de moda, a Marie Claire nasceu no fim dos anos 1930, L?Express acaba de completar 50 anos de existências. São três histórias de sucesso que se somam a outras dezenas de milhares das quais a mais conhecida no mundo é a Reader?s Digest, que vende 12 milhões de exemplares por mês somente nos Estados Unidos.
Encontro marcado
E quem lê mais revistas no mundo? Os franceses, segundo dados fornecidos pela FIPP. Noventa e seis por cento dos franceses adultos lêem pelo menos uma revista entre os 3.100 títulos do mercado de revistas do país. O sucesso das vendas de revistas na França é garantido por uma rede de distribuição muito competente. Os alemães vêm depois, com 86%, seguidos dos americanos (82%) e dos ingleses (77%). Um francês diz ler em média 7 revistas.
Na França são vendidas 2 bilhões de exemplares de revistas por ano ? 1,3 bilhão na Grã-Bretanha e 32,2 milhões na Austrália. Nos Estados Unidos, onde as revistas são financiadas em 80% pela publicidade, somente a National Geographic vende 7,8 milhões de exemplares. Sem falar na TV Guide, cuja circulação atinge mais de 9 milhões de cópias.
Além desse congresso internacional que já se realizou no Brasil, o negócio de revistas têm o tradicional encontro anual do Worldwide Magazine Marketplace, espécie de mercado internacional da revista que se reuniu em Londres nos três últimos anos e tem nova edição prevista para 2004.