Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A luta pela sobrevivência

TJ ECO, ONLINE

Thiago Tibúrcio (*)

Falta de equipamentos e incentivos sempre foram os grandes problemas dos estudantes de Comunicação Social. Para acabar com isso, Luís Carlos Bittencourt, um dos professores da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO), decidiu montar um telejornal online (TJ ECO) para que seus alunos pudessem praticar o telejornalismo.

Agora, há um grande vácuo entre decidir montar um telejornal e efetivamente conseguir montar um. Como a equipe do TJ ECO conseguiria câmeras, estúdio, microfones, ilhas de edição? Como os outros professores apostariam num projeto novo e no qual muitos deles nunca tinham ouvido falar? Como os alunos conseguiriam apoio para colocar o TJ ECO no vídeo e nos computadores das pessoas?

A única certeza dos 15 alunos que hoje formam o telejornal era que não poderiam ficar parados. Dois deles tinham câmeras VHS caseiras. Um tinha comprado uma placa de captura de imagens e áudio. Estava pronto o nosso telejornal. Amador ou caseiro?

Quase profissional. A primeira cobertura do TJ ECO foi a greve dos professores das universidades federais. Durante três meses os alunos acompanharam as negociações entre o MEC e o Comando de Greve e registraram protestos e eventos durante a paralisação. O mais importante deles foi o dia da confusão do vestibular da UFRJ. Os integrantes do TJ ECO disputavam espaço com câmeras e repórteres das grandes redes de televisão do país. Batalhão de choque em confronto com estudantes e funcionários, bomba de efeito moral e corre-corre: foram essas as imagens nada caseiras que nossa câmera "quase profissional" registrou.

Felizmente a greve acabou. Depois dela, o Rio de Janeiro ainda não viveu uma situação de tensão grande o suficiente para estarmos novamente ao lado dos grandes profissionais da comunicação. Estamos apenas esperando uma nova oportunidade para praticar, para ser estudantes completos, para sonhar com o jornalismo.

Por enquanto, só vontade

Hoje, gravamos noticiários diários. Esportes, política, economia, internacional e cultura. Um dos nossos colegas escreve um folhetim que vai ao ar aos sábados. Além disso, produzimos reportagens. Na última semana do ano, por exemplo, duas das nossas repórteres preparavam uma série de cinco reportagens especiais sobre a vida dos deficientes visuais aqui no Rio de Janeiro. Elas passaram uma semana no Instituto Benjamin Constant e descobriram as tecnologias que foram desenvolvidas para facilitar a vida dos cegos. Hoje, eles podem acessar qualquer página da internet por um programa que narra todo o conteúdo do site.

Num momento em que o capital estrangeiro entra no cenário das empresas de comunicações brasileiras, em que se deseja derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão e em que os empregos não sobram, muitas dúvidas trafegam nas cabeças de nós, estudantes. Será que vale a pena?

Claro que sim.

É dessa maneira, descobrindo mundos novos e enfrentando desafios, que o TJ ECO caminha. Ainda não temos câmera, nem estúdio, nem microfones. Temos vontade. E isso nos basta.

(*) Aluno do segundo período da ECO


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