THE WASHINGTON POST
O repórter do Washington Post Mike Allen acompanhou a rápida visita do presidente americano George W. Bush ao aeroporto ocupado da capital iraquiana, Bagdá, no Dia de Ação de Graças. Em matéria sobre a viagem, revelou que o belo peru assado com que o presidente saiu na imprensa de todo o mundo era cênico ? os soldados também experimentaram da ave que os americanos tradicionalmente comem nesse feriado, mas se serviram de recipientes normais de refeitório, não de bandejas elegantes como a que Bush segurava. Allen escreveu que a pose para fotos do presidente com o peru era "um pequeno sinal de como a Casa Branca maximizou o impacto da parada de duas horas e meia no aeroporto de Bagdá".
O ombudsman do Post, Michael Getler, em coluna de 7/12/03, conta que recebeu um ou outro e-mail felicitando o repórter pelo senso de observação de perceber que o único prato bonito era o utilizado para "divulgação". Muitos leitores, no entanto, entraram em contato para reclamar que Allen teria usado algo pequeno para implicar com Bush. Um oficial da Marinha acrescentou que o procedimento de colocar em exposição um exemplar mais enfeitado da refeição, na impossibilidade de fazer isso com toda a comida, é de praxe em refeições coletivas.
Getler comenta que a própria matéria cita militares presentes no Iraque que afirmam que o peru "bonito" estava ali como enfeite e não porque o presidente faria uma visita de surpresa. O ombudsman conclui que Allen deve ser aplaudido por ter prestado atenção ao detalhe da comida. Por outro lado, como não se sabe se havia um esforço de propaganda premeditado, ele não deveria ter associado o peru a uma suposta publicidade do governo. Seria mais acertado citar que havia apenas um exemplar mais elegante da ave e deixar o leitor concluir se isso tem algum significado.