Friday, 27 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 3107

A mídia e o terrorismo

BOMBAS & MANCHETES

Nilmário Miranda (*)


Transcrição da participação gravada do Secretário Nacional dos Direitos Humanos no programa Observatório da Imprensa na TV n? 255, exibido pela Rede Pública de TV em 26/8/03


"Não acredito que a mídia tenha sido complacente com o terrorismo, pelo contrário. Existe praticamente unanimidade na mídia brasileira em condenar o terrorismo, junto com o governo brasileiro, que tem evidado esforços na OEA e na ONU para buscar regras universais e regionais eficazes para combater o terrorismo, que é um dos maiores males do mundo moderno e que mais viola os direitos das pessoas, o direito humanitário e os direitos fundamentais, inclusive democráticos.

"O único reparo que tenho a fazer é que, às vezes, a mídia não é suficientemente atenta para a violação dos direitos fundamentais em nome do combate ao terrorismo. Por exemplo, nós não podemos permitir que os trabalhadores imigrantes, especialmente quando vinculado ao racismo e à xenofobia, sejam discriminados em nome do combate ao terrorismo, como aconteceu em alguns lugares da Europa e nos Estados Unidos depois do 11 de setembro. Nós não podemos admitir, por exemplo, prisões administrativas como Guantánamo, onde as pessoas não têm os direitos mínimos como de encontrar com seus parentes, seus advogados e defesa em tribunais com regras claras.

"Mesmo em situações de emergência, isso tem que ser feito em tempos curtos. Também não podemos admitir restrições mais do que as minimamente necessárias, em caso de emergência, à liberdade de imprensa e à liberdade do povo ser informado.

"Então, eu acho que a mídia tem que prestar mais atenção às restrições das liberdades fundamentais em nome do combate ao terrorismo ? que é um consenso universal, hoje, que esse é o maior violador do direito das pessoas."

(*) Secretário Nacional dos Direitos Humanos