MONITOR DA IMPRENSA
MORTES NAS ESCOLAS
Mais de duas semanas se passaram desde os assassinatos na Santana High School, em Santee, Califórnia. Houve tempo para culpar, corretamente, a desatenção dos pais, as leis frouxas para posse de armas, a insensibilidade adolescente, a burocracia escolar e diversas outras doenças sociais, na opinião de Jay Matthews [The Washington Post, 13/3/01].
"Antes de jogarmos o incidente, com os outros, no fundo de nossa memória, quero adicionar à lista o ramo profissional que escolhi, o jornalismo", afirma Jay Matthews. "Demos a tais notícias espaço incomum, e isso, acho, é parte do problema."
"Pense por um momento nas primeiras páginas dos jornais e na principal matéria das coberturas televisivas de tiros nas escolas", diz. Só se destaca o raro, o inesperado, o bizarro. "A possibilidade de o sol sair ou não ganha apenas uma linha na página de previsão do tempo, apesar de geralmente ser o fato mais importante do dia."
Alguns tipos de tragédia recebem pequena atenção em páginas internas porque já se tornaram comuns. "Então é um milagre que tais fatos ainda sejam raros o bastante para compor as primeiras páginas", diz. "Dá para imaginar, no futuro, uma sociedade em depressão econômica e social na qual tais incidentes se tornem tão comuns que só rendam pílulas nos jornais."
Jay Matthews pergunta: adiantaria se decidíssemos dar um pouco menos de atenção a estes fatos para reduzir a empolgação de imitadores de plantão e a histeria inútil entre crianças e pais? Na Inglaterra a prática é corriqueira, pois a consciência de que a mídia influi no comportamento das pessoas é mais forte. Não é à toa que a mídia inglesa é reconhecida como a melhor do mundo, e a mais responsável.
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