AMAZÔNIA
Internacionalização da Amazônia (Sete reflexões e alguns apontamentos inconvenientes), de Lúcio Flávio Pinto, 57 pp., Edição Jornal Pessoal, Belém, 2002; preço: R$ 15. Contatos: jornal@amazon.com.br
A Amazônia convive desde os seus primórdios com um tema a partir de então permanente na sua agenda: a internacionalização. Foi combatendo os primeiros colonizadores europeus da região, sobretudo franceses e ingleses, que os portugueses firmaram seu domínio na área, no início do século 17. O mais célebre representante do iluminismo em Portugal, o marquês de Pombal, imaginou que a metrópole colonial sobreviveria à independência brasileira com um território remanescente: a Amazônia. E assim tem sido, de capítulo em capítulo, sob constante tensão e conflito, a história da região brasileira com mais rico acervo de relação com o mundo externo. No entanto, esse patrimônio histórico acumulado tem sido ignorado pelos que, a cada nova onde de interesse pela Amazônia, julgam-se no direito de escrever a história da região a partir desse novo marco. Como se nela não houvesse passado nem vida inteligente.
Apesar da constância do tema ao longo dos cinco séculos da presença européia, entretanto, a internacionalização é examinada quase sempre como um fato novo, e, por isso, mal examinada. Seu enquadramento acaba sendo feito sob enfoques impressionistas ou emocionais, num debate entre enviados especiais, agentes do colonizador (e seus críticos, também de origem metropolitana), os suseranos da história. A voz da região se cala, quando ocorre de realmente haver ao menos um gemido de autonomia a partir da terra sangrada.
A Amazônia está no mundo e só no mundo vai conseguir escapar ao destino categórico que estão lhe impondo, de colônia universal. Vítima da voracidade do capital internacional, precisa buscar o equilíbrio sensibilizando a solidariedade internacional, a esperança de contracanto à exploração, carreando para dentro de seus muros o melhor conhecimento produzido pela humanidade na história da expansão de impérios (e, cada vez mais, mercados) por áreas pioneiras, por fronteiras.
É o que aqui, modestamente, na escala jornalística, se procura fazer, oferecendo munição para o que é essencial neste momento: o bom combate. Antes que tarde. [Lúcio Flávio Pinto, da apresentação do livro]