NOTAS DE UM LEITOR
Luiz Weis
Numa entrevista ao Globo de 24/10, o ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares disse que foi vítima de uma conspiração de que participaram dois assessores petistas do órgão, envolvidos, alegadamente, com empresas de informática interessadas em vencer licitações.
Antes de serem saídos por Soares, os funcionários lobistas teriam tratado de fazê-lo sair. Ou, nas palavras dele, "de promover um escândalo e desmoralizar a secretaria".
Nona e última pergunta do repórter Rodrigo Rangel a Luiz Eduardo, na mencionada entrevista: "De que maneira ocorria o lobby?" Resposta: "Se eu te der mais elementos, eu vou revelar qual é o caso".
No dia seguinte, num editorialete, O Globo considerou "grave" a acusação do entrevistado e exigiu (do ministro da Justiça, certamente) "esclarecer essa história".
E a imprensa, como fica: limita-se a ouvir o acusador e registrar as eventuais providências tomadas pelo ministro ou também se mexe para "revelar qual é o caso"?
Se não se mexer, terá deixado de fazer a sua parte, numa história muito mais pesada, por qualquer ângulo, do que as viagens mal explicadas e mal pagas da ministra Benedita e do ministro Agnelo ? em relação às quais a mídia trabalhou direito.
A propósito, notícula de primeira classe na coluna "Nhenhenhém",
de Jorge Bastos Moreno, no Globo de 25/10: "O PT virou PTA".
Por cutucar a onça com vara curta ? o que os jornalistas com redação própria fazem menos do que deveriam ?, transcreve-se trecho da coluna de Dora Kramer, no Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil de 23/10:
"Nesta categoria [dos episódios inaceitáveis embora não necessariamente ilícitos] inclui-se, por exemplo, o mistério da onipresença da mulher do presidente da República em ocasiões inusitadas e no Palácio do Planalto, onde ela tem gabinete sem que para isso ocupe função alguma, nem aquelas tradicionalmente reservadas às cônjuges presidenciais.
"É o tipo de assunto-tabu na República. Como se configurasse imperdoável descortesia registrar a estranheza pelo ineditismo do fato de uma pessoa sem cargo público ocupar a estrutura de uma ? e, note-se, não é qualquer uma ? repartição pública."