THE WASHINGTON POST
Após a temporada gratificante para os leitores do Washington Post, que publicou reportagens investigativas em série sobre a quebra da Enron e a contabilidade do império AOL Time Warner, o ombudsman Michael Getler destaca o trabalho que considera mais importante dos últimos dias: os relatos de possível intervenção militar americana no Iraque, escritos pelo correspondente do Post no Pentágono, Tom Ricks, e repercutidos por seus colegas do New York Times, USA Today e Los Angeles Times (4/8/02).
Trata-se de um assunto debatido por um governo que pouco revela sobre seus planos. Mas vazamentos de informação sobre segurança nacional sempre ocorreram; na maioria das vezes, porque repórteres cultivam boas fontes, sabem onde e quem procurar e que perguntas fazer. Às vezes, as fontes falam porque acham que o público merece saber mais do que lhe dizem; em outros casos, as motivações são mais egoístas. Cabe ao repórter informar os leitores tudo o que pode sobre tais motivações.
Mas os vazamentos recentes parecem constituir um rio em vez de uma goteira, diz Getler, já que as histórias chegaram às primeiras páginas de diversos jornais. Este fluxo de informações levantou suspeitas de observadores da imprensa sobre quem estaria por trás disso e se as notícias refletem alguma tendência do jornal a favor ou contra um potencial conflito. Na opinião do ombudsman, tais vazamentos não comprometem a segurança nacional, pois se os militares forem realmente agir, não o farão da forma que os jornais publicaram.
Para Getler, o que estas histórias mostram é o benefício de ler jornais para se informar sobre a possibilidade de os Estados Unidos entrarem numa guerra. O governo não tem se mostrado aberto para discutir razões, argumentos e riscos para tal ação, e a imprensa parece ter assumido a responsabilidade de fazer este debate.