Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A tentação de derrubar ministros

IMPRENSA QUE DEMITE

Victor Gentilli

Os jornalistas tem uma irrefreável vocação para derrubar governantes. Na semana passada, o ministro José Gregori enfrentou poucas e boas por conta das suas opiniões diferentes em relação ao papel do Exército durante movimentos de policiais em greve.

Na quinta-feira, enquanto O Globo destacava as divergências entre o ministro da Justiça e os ministros militares, O Estado de S.Paulo cuidou de "derrubar" o ministro José Gregori. A Folha e o Jornal do Brasil trataram as divergências com pouco destaque.

No dia seguinte (sexta, 27/7), o ministro já não corria riscos no Estadão, aquele que o derrubara na véspera. Enquanto o jornal corrigia sua versão, Globo e Folha compravam a versão da véspera do concorrente. O Globo com destaque. A Folha com firmeza e segurança. O matutino paulista não escancarou manchete de página; mas, no "Painel" e no noticiário, não apenas repetia as informações do Estadão, garantindo o nome de Aloysio Nunes Ferreira como sucessor, como afiançava que o governo já pedira o agreement do ainda ministro Gregori ao governo português para indicá-lo embaixador naquele país.

Sob a capa da informação quente em primeira mão (a queda de um ministro), muito mais grave do que derrubar ministro é esquecer do fundamental: a sociedade não pode deixar aos ministros militares sozinhos a decisão sobre suas funções nos momentos de crise das polícias.

Certamente, o leitor saberá se o Estadão acertou ou não ao derrubar o ministro na quinta e recolocá-lo no ministério, na sexta.

O normal seria o jornal cuidar dos fatos; neste caso, conforme o desfecho, os fatos é que vão dar razão a tal ou qual jornal.

    
    
                     

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