POLÍTICA NA MÍDIA
Após decidir que não concorrerá às eleições presidenciais de 2004 pelo Partido Democrata, o ex-vice-presidente Al Gore tem se devotado a outro sonho: criar um canal de mídia que desafie o domínio de vozes conservadoras na TV a cabo e em programas de rádio.
Diversas fontes em Hollywood e Washington disseram a Karen Tumulty [Time, 18/6] que Gore tem sondado na surdina possíveis apoios financeiros para uma emissora de TV a cabo que possa exibir pontos de vista "progressistas". Além disso, Gore ajudou a marcar encontros entre importantes personalidades de Hollywood, como o produtor e executivo Rob Reiner, e um casal abonado de Chicago, Sheldon e Anita Drobny, que manifestou publicamente intenção de investir US$ 10 milhões em uma emissora de rádio liberal.
O papel de Gore nessa história ainda não está claro. Ele tem explorado e estimulado diversas possibilidades nos últimos meses. Tentativas de contato com o ex-vice-presidente e com seus possíveis parceiros para elucidação não obtiveram retorno.
A ascensão de canais conservadores como Fox News Channel, de Rupert Murdoch, tem sido crescente fonte de frustração dos democratas. Comentaristas liberais não têm tido sucesso em suas aparições na mídia. Em março, a MSNBC cancelou o programa de entrevistas de Phil Donahue após seis frustrantes meses de concorrência com o conservador The O’Reilly Factor. No entanto, alguns democratas vêem no sucesso do livro de memórias recém-lançado por Hillary Clinton uma evidência de que há mercado para seus pontos de vista.
Gore partilha da frustração. Em entrevista dada em dezembro do ano passado ao New York Observer, descreveu os canais de comunicação conservadores como uma "quinta coluna" dentro das camadas da mídia, que injeta "diariamente pontos de vista republicanos dentro do que define como objetivo."