Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A vida numa prisão em Cuba

VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS

"Estou em Pinar del Río, numa cela com pouca ventilação da qual saio apenas uma hora por dia, de segunda a quinta". O relato é do jornalista cubano José Ubaldo Izquierdo, de 38 anos, em carta ao colega Dorka Céspedes, divulgada pela CubaNet [27/8]. "Recebemos uma visita a cada três meses, e uma visita nupcial a cada quatro. Pedimos visitas religiosas, mas até agora não, nada". Izquierdo conta que outro dissidente, Oscar Elías Biscet, não pôde receber qualquer visita desde que foi preso, há quatro meses.

Há no mínimo seis dissidentes conhecidos com Izquierdo na prisão de Pinar del Río, em Cuba. Izquierdo, cujo braço está engessado porque rolou escada abaixo quando conduzido algemado, reclamou da água, que ele considera imprópria para beber, e da comida. "Há peixe de fazenda, mal cozido e servido com arroz cheio de pedras, caroços, resíduos e sabe lá o que mais. Uma vez por semana tem frango, mas é tão pouco que mal se pode enxergá-lo."

Izquierdo, um dos 75 jornalistas e dissidentes presos em abril, cumpre pena de 18 anos.

É a segunda vez que Abdallah Zouari, um jornalista tunisiano de oposição, vai à prisão da qual havia se livrado após sentença de 11 anos em junho de 2002. Em 29/8, um tribunal condenou-o a nove meses de detenção por violar uma ordem que o impedia de deixar a cidade de Zarzis, onde vive.

Zouari era jornalista do semanário al-Fajr, publicado pelo partido islâmico Nahda, atualmente proibido, antes de ser preso em 1991 por atividades dissidentes no país. O governo afirma que ele não tinha formação ou documentação de jornalista e que foi condenado a 11 anos por atividades terroristas após julgamento justo.

Em agosto de 2002, voltou à cadeia e foi liberado em novembro, com outros três prisioneiros políticos, como parte de uma anistia para comemorar o aniversário de 15 anos de governo do presidente Zine al-Abidine Ben Ali.

As informações, reproduzidas pela Reuters [30/8], partiram do único grupo de direitos humanos legal do país, a Liga Tunisiana de Direitos Humanos.