THE WASHINGTON POST
O ombudsman do Washington Post, Michael Getler, usou sua coluna de 19/1/03 para comentar matérias sobre as quais recebeu mensagens de leitores. Uma que gerou reclamações foi a de 15/1 sobre a greve de 17 mil trabalhadores da General Electric nos EUA por causa do aumento do custo do plano de saúde. Um leitor questiona se não é absurdo que o jornal tenha dedicado apenas um parágrafo ao fato, quando um manifestante foi morto atropelado por um carro policial em circunstâncias ainda em investigação.
Getler concorda que o tratamento não foi apropriado e cita o que chama de "síndrome do já demos", ou seja, a presunção da equipe de que determinado assunto já está esgotado por já ter sido tratado em edições anteriores, independentemente do fato de novos eventos terem ocorrido. No caso, o Post havia antecipado a greve com um texto bem completo sobre o problema dos trabalhadores da GE no dia 1/1. O ombudsman comenta que foi bom noticiar com antecedência, mas que "não deixar as notícias de verdade se intrometerem no planejamento diário é um desserviço para os leitores e um hábito jornalístico perigoso".
Outro caso comentado foi o de uma notícia sobre pesquisa de Harvard em que se descobriu que tomar bebidas alcoólicas diariamente reduz a chance de ataque cardíaco. Essa conclusão teve repercussão nacional. Contudo, leitores apontaram que o estudo, realizado com informações de mais de 38 mil médicos, tomou como referência somente os homens, e que o texto do Post citava apenas no quarto parágrafo que a descoberta "poderia" se aplicar às mulheres também, mas que se registrou que o consumo de álcool aumenta as chances de desenvolvimento de câncer de mama. As reclamações dão conta de que muitas mulheres se preocupam com pesquisas deste tipo, que só usam homens. O fato de que elas estavam excluídas da amostragem poderia ter sido mencionado com mais destaque.