Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A virtual nova economia

MONITOR DA IMPRENSA


JORNALISTAS PONTO.COM

Há um ano, Jason Pontin era saudado nos Estados Unidos como um "titã da Nova Economia". Sua volumosa revista Red Harring, que trazia notícias do mundo dos negócios de tecnologia, era um estouro. Empolgada pelo boom da chamada Nova Economia, a mídia norte-americana se esbaldou. A Time lançou a Time Digital e eCompany Now; The New York Times passou a publicar uma seção com 70 páginas sobre e-commerce; Washington Post lançou a página diária "Washtech"; o The Wall Street Journal ficou gigante. Segundo Howard Kurtz [Washington Post, 18/5/01], os jornalistas da área se lançaram em uma corrida pelo ouro, apostando ter encontrado a fonte de futuras fortunas.

Na última semana, no entanto, a Red Herring anunciou o corte de 54 de seus 260 funcionários, e teve no mês passado 56% de anunciantes a menos, comparado ao ano anterior. O site MarketWatch.com, avaliado em 1 bilhão de dólares em 1999, vende cada ação hoje por 2,43 dólares ? no lançamento elas chegaram a valer 97 dólares ? e já demitiu 20 empregados. A Industry Standard, que chegou a ter edições de 300 páginas e uma circulação de 200 mil exemplares, este mês apresentou uma queda de 76% de anúncios em relação aos númros de 2000, e já demitiu 70 de seus 400 funcionários.

Esses são apenas alguns dos exemplos da atual situação daquela que, até o fim do milênio passado, era considerada a nova e tão promissora economia. O que aqueles mesmo jornalistas descobriram, disse Point, é que "não há uma nova economia; ela sempre foi uma simples justificativa para elevar os preços da ações". Que levantou muitos empreendimentos, disse Kurtz, não há dúvida; mas talvez não por tanto tempo quanto se esperava. Não que todas companhias de internet já tenham fracassado, mas a maioria está em processo, ou pelo menos não vive os tempos de ouro de doze meses atrás. "Ninguém sabia quando ouro havia nas montanhas", disse Larry Kramer, dono do MarketWatch.com. "Mas certamente parecia não ter fim".

SEMANÁRIOS

Nas últimas semanas, mudanças estruturais nas revistas de notícias semanais americanas indicam que a atuação dessas publicações como árbitros de informações está chegando ao fim. Novas contratações, a sugestão de um novo proprietário, chamadas de capa planejadas para vender e temas mais ligados a revistas de saúde e entretenimento são algumas das recentes transformações de revistas como Time, Newsweek e U.S. News & World Report. Segundo Alex Kuczynsky [The New York Times, 14/5/01], Mortimer B. Zuckerman, proprietário da U.S. News, sugeriu ao editor-chefe Stephen G. Smith que mexesse na mistura editorial da revista e adotasse mais artigos de serviço e colunas, em vez de notícias mais pesadas ? para as quais Smith foi contratado em 1998.

Em março, a Newsweek contratou Dorothy Kalins, editora-chefe da Saveur e da Garden Design, e fundadora da Metropolitan Home. Dorothy assumiu o cargo de editora-executiva. Os efeitos das mudanças já são visíveis. Recentemente, a Time colocou a milenar ioga na capa. Não será difícil encontrar um especial sobre técnicas de jardinagem na capa berrante da Newsweek.

Emissoras de notícia a cabo e sítios noticiosos fornecem atualizações constantes no momento quase exato do ocorrido, eliminando informações frescas da capa dos semanários. Os jornais também oferecem reportagens mais leves, misturadas com notícias pesadas.

David Verklin, executivo-chefe da Carat North America, empresa de serviços de m&iiacute;dia, disse que os semanários lembram outra revista. "Todas agora parecem com O [revista feminina religiosa da apresentadora Oprah Winfrey]", afirmou. "As revistas estão mais bem desenhadas hoje, mas me pergunto se um dia voltaremos a ver notícias de verdade."

David Abrahamson, professor de Mídia da Faculdade de Jornalismo de Medill, disse que até o começo dos anos 80 os semanários eram sinal de status social. Quem os lia mostrava instrução e engajamento. Essa imagem se perdeu, segundo Abrahamson.


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